O retorno a um novo corpo, através da reencarnação, se dá para o crescimento do espírito. É um processo educativo, e não punitivo. Encarado dessa forma, não há um número definido de encarnações para um espírito. Sobre a Lei de Causa e Efeito atua a Lei de Misericórdia, que é uma das variantes da Lei de amor. Os processos não se dão de forma linear, isto é, não se passa pelo que se causou a outrem na mesma proporção e na mesma intensidade. As circunstâncias a que um espírito está sujeito numa encarnação expiatória são sempre atenuadas pela Misericórdia Divina. A Lei de Causa e Efeito não é como a pena de Talião. Não é “olho por olho, dente por dente”. Às vezes, no período de intermissão (intervalo), o espírito atravessa sofrimentos, resultantes de suas atitudes quando no corpo físico. Ao reencarnar para aprender, os processos a que estará sujeito não poderão ser idênticos aos que proporcionou aos outros, em face do que aprendeu no período de intermissão, bem como em função da necessidade de educar-se a partir de estratégias amorosas das Leis de Deus.
Mesmo nas encarnações imediatas, cujo tempo de intermissão é mínimo, os processos serão atenuados pela Lei de Misericórdia. Dessa forma, a Lei de Deus nem sempre se utiliza do mesmo modo que o homem atuou no passado, para educá-lo no presente. Embora alguns processos reencarnatórios sejam planejados por espíritos mais evoluídos, eles estão sujeitos à Lei de Amor.
Não se deve interpretar as doenças e outros sofrimentos senão como processos educativos. Errou-se no passado porque não se sabia como agir corretamente. Retorna-se para aprender até não mais se precisar reencarnar.
Em muitos casos, os reencarnantes retornam com marcas de nascença. Trazem cicatrizes denunciadoras de experiências pregressas traumáticas. Marcas que, quando não são creditadas a fatores genéticos, reproduzem-se, às vezes, de uma a outra existência, por mecanismos psíquicos de fixação. As experiências que produziram tais marcas foram de tal forma intensa que se reproduziram no corpo físico. Tal reprodução denuncia a existência de uma matriz comum onde ficam “guardadas” as impressões do espírito. Essa matriz é o perispírito ou corpo espiritual. Da mesma forma que essas marcas, surgem fobias, traumas e outros complexos, que se revelam logo na primeira infância, constituindo-se em preocupação para os pais. A solução de tais conflitos só se dará com o contato do espírito novamente com o núcleo traumático gerador. As circunstâncias da nova encarnação o colocarão frente a frente com a causa geradora do conflito. Pode-se dizer, então, que não há doenças, mas, antes, doentes.
A reencarnação não foi concebida como uma teoria a explicar a realidade. É antes, um fato que explica e suscita muitas teorias. As relações humanas estão carregadas das emoções do passado. Impulsos, estímulos, reações emotivas, atitudes diversas, não são apenas fruto da nossa vontade, da herança genética e do meio ambiente, mas principalmente das experiências pregressas gravadas em nosso psiquismo.
O que se chamava de inconsciente coletivo, nada mais é do que o conjunto das experiências pregressas, individuais e coletivas, inclusive aquelas adquiridas nos reinos inferiores, acumuladas pelo espírito através do, e no, perispírito.
A personalidade integral, que sobrevive à morte, já possui experiências diversas em matéria de profissões, de línguas aprendidas, de tipos de sexo, de classe social, de condição econômica, etc. A repetição dessas experiências a cada nova encarnação, nos faz perceber que o processo de aprendizagem se dá também por revisão das lições. A experiência repetida significa nova lição a ser aprendida. O fato, por exemplo, de já ter experienciado viver nos dois tipos de sexo, concede ao ser humano habilidades para habitar nesse ou naquele corpo, sem que isso lhe cause qualquer problema quanto a sua relação com o sexo do corpo escolhido. Uma nova encarnação representa a construção de uma nova personalidade no novo meio em que se vai renascer. Os traumas e conflitos, dessa forma, aparecem tendo como uma das causas, talvez a principal, essa realidade interna, anterior, que contracena com a realidade externa. Muitas vezes, pelo embate de opostos, aquele que é interior contra o que é exterior, é que se regride a energia que nos impulsiona para fora. A solidão e as repetidas e constantes desilusões afetivas, podem ser encaradas como resultantes de processos educativos oriundos de experiências mal sucedidas no passado.
Fonte: extraído do livro “Reencarnação, Processo Educativo”, de Adenáuer Novaes – Fundação Lar Harmonia.
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