Perdoar ou desculpar alguém é bom e saudável, mas viver desculpando indefinidamente os erros alheios pode ser muito perigoso. As emoções enterradas e não verbalizadas se manifestarão de forma negativa em outras situações e com diferentes pessoas em nosso dia-a-dia.
Toda a criatura deseja a paz e a felicidade e quer afastar de si o sofrimento e a amargura. Essa é a “meta de excelência” de todos os seres humanos.
O entendimento do nosso “melhor” depende do grau de raciocínio lógico ou da situação que estamos vivenciando. Todo procedimento é compreensível e proveitoso em determinado contexto de vida.
Quando tomamos atitudes baseadas em mágoas e ressentimentos, é porque supúnhamos que isso nos parecia “melhor”. Sempre agimos conforme a nossa maturidade espiritual do momento para decidir e resolver nossas dificuldades existenciais; ou melhor, tomamos decisões de acordo com nossas possibilidades de percepção/interpretação e também segundo nossa capacidade e habilidade conquistadas.
Damos o que temos, fazemos o que podemos. Apenas se dá ou faz aquilo que se possui ou pode. Precisamos respeitar nossas limitações mentais, emocionais e espirituais, bem como as dos nossos companheiros de jornada.
Pressupõe-se que, quando alguém pede desculpa, é porque reconheceu seu erro e solicita reconciliação pelo ato impensado e pelo comportamento equivocado.
Usamos comumente o termo “desculpa” quando queremos nos redimir perante alguém a quem causamos algum dano ou prejuízo. É a atitude de quem se conscientizou de ter ofendido, contrariado ou aborrecido outrem. Em outras palavras, quem pede desculpa quer dizer: retira a culpa que há em mim, pois me sinto responsável pelo mal que te causei.
No entanto, existem indivíduos que, a cada momento e de forma irrefletida, fazem uso da palavra “desculpa”. Repetem-na sistematicamente durante anos e anos, porém continuam perpetuando os mesmos erros e agressões.
Solicitam mil desculpas, mas nunca se soltam das amarras das atitudes desastrosas. Pedem com insistência compadecimento e paciência, e jamais renovam seus comportamentos; continuam atormentando a vida alheia.
Acostumaram-se a pedir desculpas como se essa palavra fosse uma “varinha de condão” que desfizesse de um instante para outro, num passe de mágica, todas as mágoas e perdas, afrontas e injúrias, sensações desagradáveis, desgostos e aborrecimentos causados pelos agravos e indelicadezas que cometeram.
São criaturas que vulgarizaram o termo “desculpa” e o empregam de modo automático, repetindo mensagens contidas num “livro de regras” ou de etiqueta. Não se conscientizaram de sua imaturidade, visto que não perceberam nem reconheceram ainda como concretos os atos e as atitudes inadequados que produzem quase todos os dias nos seus mais diversos relacionamentos. Reincidem nos mesmos erros de forma compulsiva, como se possuíssem uma imposição interna irresistível que as levasse a comportar-se sempre da mesma maneira.
É essencial diferenciar a “desculpa social” da “desculpa conscientizada”. A primeira simplesmente atravessa as barreiras da boca de forma impensada; pode ser uma manobra ardilosa ou um pretexto para evitar dificuldades futuras diante de situações difíceis. A pessoa recorre a subterfúgios ou estratagemas para conseguir algo. A segunda sai do “coração conscientizado”, da alma verdadeiramente arrependida. “O homem bom, do bom tesouro do coração tira o que é bom…”
Desculpar pode ser o início de um novo tempo de convívio respeitoso, mas também pode ser um eterno jogo psicológico em que apenas se amortecem o desrespeito, a brutalidade e o golpe da ofensa.
“(…) Aquele que pede a Deus o perdão de suas faltas não o obtém senão mudando de conduta. As boas ações são as melhores preces, porque os atos valem mais que as palavras”.
“Há mais felicidade em dar que em receber”, ensina-nos a narrativa evangélica. Realmente a pessoa que doa sabe, por experiência própria, que é mais feliz quando dá do que quando recebe.
Não exijamos dos outros aquilo que eles ainda não nos podem dar. O ato de perdoar ou o de desculpar verdadeiramente requer amadurecimento e crescimento espiritual e, por conseqüência, certo grau de evolução.
Perdoar ou desculpar alguém é bom e saudável, mas viver desculpando indefinidamente os erros alheios pode ser muito perigoso. As emoções enterradas e não verbalizadas se manifestarão de forma negativa em outras situações e com diferentes pessoas em nosso dia-a-dia. Em vez de permitir que alguém nos use e magoe de forma obstinada, estabeleçamos limites e aprendamos a validar nossa dignidade pessoal, desenvolvendo a arte de amar a nós mesmos, para que possamos amar plenamente os outros.
Fonte: extraído do livro “Os prazeres da alma”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado pelo Espírito Hammed – Editora Boa Nova.
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