Certa feita conheci um velho que morava perto de Seattle. Eu me demorara um pouco nas vizinhanças, inspirado por aquela imensidão divina. Esgotada a inspiração, senti fome e dirigi-me à casa de fazenda daquele velho, para comprar frutas. O homem, de faces rosadas, parecia muito feliz e mostrou-se bastante hospitaleiro.
Veio-me então um arroubo divino e eu lhe disse:
– Amigo você parece contente, mas há um sofrimento oculto em você.
Ele perguntou:
– O senhor é um adivinho?
– Não, respondi, mas ensino às pessoas como melhorar sua sorte.
O velho disse então:
– Todos somos pecadores. Deus queimará nossas almas no fogo e no enxofre do inferno.
Repliquei:
– Como pode um homem, perdendo seu corpo na morte e tornando-se alma invisível, ser consumido por labaredas geradas por enxofre material?
O velho me surpreendeu repetindo colericamente:
– Nós sem dúvida nenhuma arderemos nas chamas do inferno.
Ponderei:
– Você recebeu um telegrama de Deus, dizendo que nos queimará a todos?
O homem ficou ainda mais agitado.
A fim de tranqüilizá-lo, mudei de assunto e perguntei:
– Que me diz do sofrimento que seu filho rebelde lhe causa?
Ele ficou espantado com minhas palavras e confessou que, de fato, não conseguia corrigir o rapaz, a seu ver um caso perdido. Essa dor permanecia como um fogo aceso no fundo de sua mente.
Declarei:
– Tenho um remédio infalível para essa situação.
Os olhos do velho brilharam de alegria e ele sorriu. Então eu, assumindo ares de quem iria revelar um grande segredo, sussurrei-lhe:
– Você tem um forno bem grande, com uma grelha?
Ele respondeu:
– Sim, mas para quê?
Admirou-se. E em seguida, desconfiado, perguntou:
– Que pretende fazer?
– Não se preocupe, tranqüilizei-o. O que estou propondo irá acabar de vez com suas angústias.
Um tanto aliviado, o homem assentiu:
– Vá em frente.
Então, prossegui:
– Aqueça ao máximo o forno e a grelha. Tem por aí uma corda forte e dois amigos de confiança que nada lhe censurarão?
Ele perguntou de novo:
– Sim, mas para quê?
Continuei:
– Traga seu filho aqui. Com a ajuda dos amigos, amarre os pés e as mãos dele e ponha-o no forno em brasa.
O velhote ficou furioso! Apontando-me o dedo, esbravejou:
– Seu desgraçado! Quem já ouviu falar de um pai que assa seus filhos, por piores que sejam?
Respondi então, suavemente:
– É o que eu lhe queria dizer. Onde você, um simples mortal, foi buscar esse instinto de amor a não ser junto ao Pai Divino? Nem um pai humano pode acalentar o pensamento cruel de queimar vivo seu próprio filho para ficar livre de preocupações. Como chega então a pensar que o Pai Divino, muito mais amoroso que você – criador, mesmo, do afeto paterno -, irá mergulhar Seus filhos no fogo e no enxofre?
Os olhos do velho se encheram de lágrimas de arrependimento e ele disse:
– Percebo agora que o Pai Celestial é um Deus de amor!
Fonte: extraído do livro “Karma e Reencarnação”, de Paramhansa Yogananda. Editora Pensamento.
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