Conta a tradição oriental que certa vez Sidarta Gautama, já em idade bem avançada, passava por uma floresta junto com seus discípulos quando encontrou aprendizes de outro mestre, e um deles logo foi dizendo:
– Nosso mestre é um grande avatar. Ele levita e faz materializações extraordinárias. Nós mesmos presenciamos isso, somos testemunhas!
E, fixando o olhar nos discípulos de Buda, inquiriu:
– O que vocês têm a dizer sobre seu mestre? O que ele pode fazer, que milagres realiza?
Sidarta Gautama tudo escutava silenciosamente e deixou a cargo de seus companheiros a resposta. Apenas observava o desempenho de cada um.
Então, um logo se adiantou e respondeu:
– Nosso mestre, quando está com fome, come; e quando ele tem sono, dorme. Ele nos ensina a andar, quando estamos andando; a comer, quando estamos comendo; a sentar, quando estamos sentados.
E um deles, inconformado, exclamou:
– O que vocês estão falando? Chamam de milagres o óbvio? Todos fazem essas coisas!
E o ponderado discípulo de Buda retrucou:
– Engano de vocês. Quase ninguém faz isso. Quando as pessoas dormem pensam sem cessar, estão dispersas no sono. Quando comem, estão distraídas, falando mil coisas. Quando andam, estão desatentas e qualquer ocorrência lhes rouba a atenção. Mas, quando meu mestre dorme, ele apenas dorme: somente o sono existe naquele momento, nada mais. E quando sente fome, ele apenas come. Ele sempre está no lugar onde deve estar, ou seja, jamais é arrebatado pelos fatos ou acontecimentos que se foram e pelos que hão de vir; vive sempre no momento presente.
Fonte: extraído do livro “Um modo de entender uma nova forma de viver”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado pelo espírito Hammed – Editora Boa Nova.
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não tinha pensado assim na simplicidade de Buda