A verdade é que todo ser vivo é médium, em algum grau. Mas quando isso é dito, você fica na mesma. Se digo que todos são médiuns, estou afirmando uma realidade, mas suas perguntas prosseguirão, porque na verdade não foram respondidas. Por que alguns captam o que está no etérico e outros não? Por que alguns têm tão pouca capacidade de mediunizar, enquanto outros o fazem com facilidades? Essas são as questões.
Assim, afirmar que todos são médiuns não é suficiente. Algo mais tem de ser dito.
Para evitar essa generalização inútil, vou usar a palavra médium apenas no sentido mais exato. Quando digo médium, refiro-me ao médium operacional, ou seja, aquele que tem capacidade mediúnica desenvolvida e perceptível. Alguém capaz de realmente atuar na mediunidade. De preferência, mantendo total controle do processo. Esses não são muitos.
Por que algumas pessoas são médiuns e outras não?
Pela mesma razão pela qual as pessoas não têm, todas, 1,74m.
Existem grandes pintores e desenhistas, mas você talvez não consiga desenhar uma bola. Há grandes compositores e músicos capazes de fazer um instrumento soar no máximo de sua beleza, entretanto você talvez não consiga batucar uma caixinha de fósforos. Este parece ser um instrumento musical bem simples, não é necessário fazer nenhum curso; mas se você não tem talento, o que fazer?
Você consegue assobiar? Há quem não consiga. Tem facilidade para aprender idiomas? Tirava boas notas em matemática? Era disputado pelos dois times quando estavam organizando um jogo de futebol? Muitos, não.
Nas possibilidades mediúnicas de cada um também há diferenças.
Mas a mediunidade é o mais simples e natural de todos os processos. Por que precisamos de um talento especial, por que necessitamos de muitas vidas em preparação?
Apenas porque nós precisamos de muitas vidas para aprender a deixar o ego de lado. Nossa individualidade é tão entranhada, tão presente em nós, que é necessária uma longa preparação para permitir que outra consciência se expresse por nosso intermédio.
Há questões técnicas envolvidas, mas, na essência, esse será o primeiro problema: deixar o “eu” de lado por algum tempo.
Por isso, em algum lugar deste livro eu digo que a mediunidade e o sonhar são processos similares. Ambos são um mergulho no não-eu. Ambos representam uma descontinuidade.
Assim, a mediunidade é, de certo modo, uma maneira diferente de sonhar. Da mesma forma que o sonhar, ela é um meio de ir além da consciência e da noção de “eu”. Isso pode ser extremamente difícil para a maioria das pessoas, tão difícil que uma longa preparação se torna necessária.
Todos são médiuns? Capazes de atuar, não. Mas todos têm o potencial. Todos poderiam ser. Essa é uma colocação mais realista.
As pessoas não são iguais, a não ser como espécie. A espécie humana é basicamente igual: dois olhos, dois braços, duas pernas. Aí termina a igualdade. Cada ser humano é um universo independente e absolutamente individual. Os talentos, a inteligência, a saúde ou o destino de cada um, nada disso pode ser exigido, exatamente igual, pelos demais. Portanto, a capacidade mediúnica também não.
A vida não é nada democrática.
Fonte: extraído do livro “100 perguntas e respostas sobre a Mediunidade e o Espiritismo”, de Márcio de Carvalho. Editora Nova Era.
Leave a reply
Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.
Temas das Publicações
Palestras Espíritas
COMENTÁRIOS
- Andrea mara em A virtude é concessão de Deus, ou é aquisição da criatura?
- Nunes em A paciência é um medicamento poderoso que tem o poder de nos curar
- Neilson de Paula em Sintonia e afinidade
- Lucia Freire em O Paciente e o Passe
- Rosalie Negrini J. em Codificador do Espiritismo – Quem foi Allan Kardec?
- Luiz lima em Evidências bíblicas sobre a reencarnação
- Editor em Desdobramento, atividade do espírito durante o sono
- maria em Desdobramento, atividade do espírito durante o sono
- Otoniel Carlos de Melo em Novo livro de Divaldo Franco traz revelações sobre a pandemia
- Evangelização Florescer em Quem Somos
- Editor em O que fazer para deixar de pensar em alguém que já faleceu?
- Nilciane em O que fazer para deixar de pensar em alguém que já faleceu?
- Ryath em Até quando você quer continuar sofrendo?
- Maciel ben em Diferença entre provas e expiações
- Ryath em 25 citações de buda que vão mudar sua vida
2 Comments
Sabe que tinha esquecido? Mas como tudo na vida segue um dinâmismo ininterrupto e constante, sempre é tempo. Mas sempre decidimos.é que as vezes nos esquecemos, e achamos que estamos sendo conduzidos e não participando
É, acho que este pequeno comentário me tocou. a tempos acho que não sou “operacional”, e agora vejo ser necessário maior esforço na compreensão dos amigos do outro “plano”, para sair do “ego” e ser simplesmente o “carteiro”. Obrigado