Resposta:
É preciso compreender em primeiro lugar o contexto que marcava a época em que Jesus viveu.
Quando o Mestre veio ao mundo, no local onde reencarnou, Jerusalém, e nos arredores onde viveu, predominava na sociedade o culto à Lei de Moisés – Torá.
A ideia de um Messias (Salvador do mundo) nascido em uma manjedoura, de família simples, sem nada que pudesse relacioná-lo ao um verdadeiro Rei, não foi aceita pelos Judeus.
Durante parte dos anos de sua infância e mocidade, não contemplados no evangelho, Jesus viveu entre os essênios, um povo humilde, de grande conhecimento, originário do Egito, que formavam um grupo de Judeus que abandonaram as cidades e rumaram para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto. Foram uma das três principais seitas religiosas da Palestina (Saduceus, Fariseus e Essênios).
Esta convivência rendeu a Jesus o acesso aos conhecimentos (ou melhor à recordação) dos ensinamentos das verdades espirituais; a preexistência da alma; a reencarnação; dentre outros mistérios.
Naquela época, este tipo de conhecimento era restrito a poucos e era chamado de Doutrina Secreta. Esse conhecimento reservado era de domínio das sociedades secretas: Maçonaria, Rosa Cruz…
Qualquer divulgação de preceitos que ousassem falar algo além da Torá de Moisés era visto como ameaça subversiva à ordem predominante.
Mesmo assim, Jesus não se calou e passou a divulgar sua mensagem evangélica (boa nova) e aos que achavam que ele tivera vindo para negar Moisés o Mestre rebatia: “Eu não vim destruir a Lei, mas cumpri-la”.
O antigo testamento, que contém o pentateuco de Moisés, traz algumas profecias sobre o Messias:
– Construirá o Terceiro Templo (Ezequiel 37:26-28)
– Reunirá todos os Judeus de volta na Terra de Israel (Isaías 43:5-6)
– Trará uma era de paz mundial, fim do ódio, da opressão, do sofrimento e do mal-estar. Como está escrito: “Nação não levantará espada contra nação e o homem não aprenderá mais a fazer guerra.” (Isaías 2:4)
– Espalhará conhecimento universal a respeito do Deus de Israel, unindo toda a raça humana numa só. Como está dito: “Deus será o Rei sobre todo o mundo e neste dia, Deus será único e Seu nome será único.” (Zacarias 14:9)
Os judeus da época não viam Jesus como esse Messias. E ainda hoje consideram que Ele não é o Messias pois o fato histórico, segundo eles, não se revelou. Portanto, ainda esperam pela chegada de um Salvador
Logo, se Jesus revelasse com toda a clareza e objetividade os ensinamentos que nos transmitiu através de parábolas certamente sua estada entre nós teria sido abreviada muito antes, pois representaria forte ameaça ao poder dominante em Israel.
Além deste aspecto, Emmanuel nos orienta que “Jesus de Nazaré falava por meio de parábolas, que eram narrações de forma alegórica, procurando ensinar aos que não compreendem, grandes verdades que diziam respeito ao comportamento moral dos homens e das conseqüências desse comportamento nesta e após a vida física. Desta maneira, Jesus de Nazaré lançou sua sabedoria para todos os lugares e através dos tempos. As narrativas contidas no Evangelho, datadas de há mais de 2000 anos, justamente por serem dirigidas ao homem de todas as épocas e lugares, somente poderia ser expressa através de alegorias. Portanto, utilizando uma linguagem simbólica direta somente os homens de sua época poderiam entendê-las”.
Para reflexão: não teria o Mestre tido a intenção de fazer com que os homens, em diversas épocas, pudessem pensar? E, daí, elaborar e decidir, utilizando o livre arbítrio, os caminhos a seguir nesta vida material? E ainda mais: não queria o Mestre, ao falar por meio de parábolas, evitar oferecer receitas prontas, em textos literais, que, infelizmente ocorre em diversas manifestações religiosas? Foi por isto que Allan Kardec, na explicitação das parábolas, disse: “Estando eles (os discípulos do passado, e ousamos acrescentar os novos discípulos) mais adiantados, moral e intelectualmente poderia iniciá-los nos princípios mais abstratos”.
E vale lembrar que além de falar por parábolas, Jesus não disse tudo que era necessário dizer à humanidade. Por isso mesmo Ele nos disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: – O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. – Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” (São João, cap. XIV, vv. 15, 16, 17, 26.)
E a Doutrina Espírita realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.
Portanto, querida irmã, como você pôde ver, não era possível tratar assunto de tal envergadura e complexidade com a objetividade com que gostaríamos.
E, por outro lado, a subjetividade também faz parte do desenvolvimento da fé, da esperança na vida futura e do Reino de Deus em nós.
É preciso que a fé brote no íntimo de cada ser humano; que o Reino de Deus seja descoberto com os olhos de ver e os ouvidos de ouvir, tão proclamados pelo Mestre.
Vide a história de Tomé – um dos 12 discípulos do Mestre – que não estava presente em uma de suas aparições pós morte. Disse Tomé: “Enquanto não lhe vir nas mãos a marca dos cravos e as feridas, não acreditarei absolutamente”. Daí a expressão que usamos hoje quando duvidamos de algo. Falamos: sou igual a São Tomé; enquanto não vemos pessoalmente não acreditamos.
Pois Jesus em sua magnânima sabedoria, por caridade e infinita bondade apareceu a Tomé, mas não deixou de lembrá-lo: “Felizes daqueles que não viram e creram, porque deles é o Reino dos Céus”.
Que a paz de Jesus esteja contigo!
Fraternalmente,
Equipe Um Caminho
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