“Se alguém ouvir minhas palavras e não as guardar; eu não o julgo, pois não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo”. (João, 12:47.)
Crueldade é atributo da criatura que se compraz em atormentar severamente os outros, utilizando atitudes rigorosas e inflexíveis para lidar com o mundo em seu derredor.
Toda crueldade nasce da fraqueza e da incapacidade das pessoas que não sabem relacionar-se com seu mundo interior. Isentamo-nos de responsabilidade sobre os fatos violentos, dando o nome de paixão, de honra, de ordem social, para dissimular os pontos fracos e desajustados que possuímos.
As leis religiosas do passado mantiveram a humanidade sob o jugo de uma crueldade incalculável, com a imposição do sofrimento e da mortificação, justificando-os como sendo uma das maneiras que a Divina Providência utilizava para corrigir e reparar possíveis erros do presente e do passado. O que era um absurdo, pois, na verdade, Deus é amor, misericórdia e compreensão em abundância.
Os que contrariavam os padrões, normas ou dogmas estabelecidos por uma doutrina ou por um grupo tinham as mãos e as línguas decepadas e o corpo marcado com ferro.
Quantos julgamentos sumários de pretensos hereges e feiticeiros acusados de crimes contra a fé! Quantos impiedosos apedrejamentos, quantas práticas perversas, quantos órgãos retalhados, quantos olhos queimados com brasa! Vastos foram os tempos do domínio pela crueldade, pelo medo e pela exploração emocional. Homens insensíveis utilizaram os mais variados métodos desumanos para manipular e controlar, de forma abominável, as pessoas em nome do bem-estar, da tradição, da religião, da família, dos bons costumes.
O castigo nunca evita o crime, somente a educação e o amor retificam as almas – eis a grande proposta da Divina Providência. No entanto, o homem, de tanto ser cruel consigo mesmo, aprendeu a projetar essa crueldade no mundo que o rodeia. De tanto se julgar de forma tirânica, aprendeu a ser déspota também com os outros.
Os “requintes de perversidade” estão introduzidos na sociedade de forma tão sutil e imperceptível que, muitas vezes, não conseguimos identificá-los de imediato.
Não existem mais fogueiras e guilhotinas, mas todos podemos nos converter em controladores e juízes da moral alheia se as circunstâncias forem propícias.
Alguns de nós usamos técnicas indiretas e passivas, consideradas elegantes e sutis, mas, no seu conteúdo profundo, são frias e brutais.
Felizmente, encontramos na Doutrina Espírita ensinamentos essenciais que nos esclarecem que todos os “estratagemas cruéis” se voltarão contra a própria fonte criadora. Todo comportamento cruel está, na realidade, estabelecendo não somente uma sentença ou um veredito, mas, ao mesmo tempo, um juízo, um valor, um peso e uma medida de como trataremos a nós mesmos.
Julgamentos impiedosos que fazemos em relação aos outros nos informam sobre tudo aquilo que temos por dentro. Em outras palavras, a “forma” e o “material”, utilizados para julgar ou condenar os outros residem dentro de nós.
O modo de ensinar de todos os grandes mestres, sempre e fundamentalmente, baseou-se no amor como método de educação das almas; por isso, Jesus não julgava, media ou sentenciava ninguém. Quem aprendeu a não condenar os outros não mais se condena.
Fonte: extraído do livro “Um Modo de Entender, uma nova forma de viver”, de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed. Editora Boa Nova.
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