Quem vive num baixo nível de consciência tem uma visão primária e muito acanhada das pessoas, dos atos e dos acontecimentos. O discernimento ou a opinião que fazem sobre as coisas é estreita e rudimentar.
Há um ditado que diz: a verdade é uma tocha que brilha nas trevas, mas não as extingue. Esse adágio leva a entender que diferentes pessoas, num mesmo ambiente, podem perceber o mesmo fato de maneira divergente, e até mesmo antagônica.
A aurora boreal extasia com seu espetáculo fascinante e encantador, mas para alguns é mero fenômeno que passa despercebido, sem valor algum. A brisa do mar é sempre aromática e revigorante, mas para determinados indivíduos é simplesmente vento inoportuno e incômodo, que despenteia os cabelos. Cada um vê a criação e as criaturas exatamente como vê a si mesmo.
Quando você estiver com a consciência desperta, notará com facilidade em todos os acontecimentos um roteiro ou um ensinamento de vida. Ficar atento a tudo que acontece, aos fatos interiores e exteriores, pode conduzi-lo a um autêntico caminho de realização, fazendo com que você encontre um verdadeiro orientador interno.
Conferências, cursos, métodos e disciplinas o ajudarão a iniciar a caminhada ascensional, mas lembre-se de que, para aprender a ver e discernir, você terá como requisito básico o aperfeiçoamento de seus potenciais.
Não menospreze as opiniões e os sentimentos de seus familiares, nem exija-lhes obediência absoluta. Respeite a individualidade de cada um e oriente seus parentes queridos com compreensão, sem usar mãos imperiosas.
A evolução ocorre de forma surpreendente quando as pessoas estão preparadas. Trata-se de processo que vai se desenvolvendo ao longo do tempo e que tem início quando elas mesmas se sentirem habilitadas. Não se pode reformar o mundo, apenas reformar o próprio mundo individual.
Quem tem olhos sensíveis e lúcidos enxerga nas ações humanas, mesmo nas que pareçam más, alguns valores positivos, e identificam nos erros oportunidades de crescimento. Ao contrário, aqueles que possuem os olhos turvos pela ignorância veem de acordo com o que eles realmente são em seu interior.
Como veria o Cristo nessa circunstância? É uma indagação sempre oportuna e conveniente em todas as situações. Entretanto, não devemos cair em uma angelitude ingênua, vivendo em um paraíso antecipado, crendo facilmente em tudo o que é dito ou mostrado pelos intérpretes intransigentes da vida cristã.
Os objetos exteriores nos estimulam à ação de formular ideias ou ativar o raciocínio, mas o que se percebe não se encontra nos objetos, e sim na mente de quem os interpreta. A qualidade da percepção não se acha nas coisas que vemos, mas, proporcionalmente, no desenvolvimento espiritual do indivíduo que examina.
Nossa forma de ver é uma riqueza que não se vende nem se compra, mas se conquista. O desrespeito é a verdadeira sepultura do discernimento do homem.
Seja acessível. Lembre-se de que o direito de cada um consiste nas resoluções adotadas conforme sua vontade, podendo ou não coexistir com o arbítrio dos demais. Esse é o fundamento da lei de liberdade.
Fonte: extraído do livro “Conviver e melhorar”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado pelo espírito Lourdes Catherine. Editora Boa Nova.
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