Ciência e Religião, Mediunidade

Proposta aos que não crêem na comunicação dos espíritos

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A existência da alma e a de Deus, que são conseqüência uma da outra, são a base de todo o edifício e, antes de iniciar qualquer discussão espírita, é importante se assegurar de que o interlocutor admite essa base.

Acredita em Deus?

Acredita ter uma alma?

Acredita na sobrevivência da alma após a morte?

Se ele responder negativamente ou se disser simplesmente: Não sei; gostaria que fosse assim, mas não tenho certeza, o que, muitas vezes, equivale a uma negação benevolente ou educada disfarçada sob uma forma menos chocante para evitar ferir muito francamente o que ele chama de preconceitos respeitáveis, será tão inútil ir além quanto tentar demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admite a luz. Porque, definitivamente, as manifestações espíritas não são outra coisa a não ser os efeitos das propriedades da alma. Com um interlocutor assim, é necessário seguir uma ordem diferente de idéias, se não se quer perder tempo.

Admitida a base, não a título de probabilidade, mas como coisa averiguada, incontestável, a existência dos Espíritos será uma decorrência natural.

Agora resta saber se o Espírito pode se comunicar com o homem, ou seja, se pode haver entre ambos troca de pensamentos. E por que não? O que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que o Espírito livre não poderia se comunicar com o Espírito cativo, como um homem livre se comunica com um que está aprisionado? Desde que se admita a sobrevivência da alma, é racional negar a sobrevivência das afeições? Uma vez que as almas estão em todos os lugares, não é natural pensar que a de um ser que nos amou durante a vida venha para perto de nós, que deseje se comunicar conosco e que para isso se sirva de meios que estão à sua disposição?

Durante sua vida não agia sobre a matéria de seu corpo? Não era ela, a alma, quem lhe dirigia os movimentos?

Por que razão após a morte do corpo e em concordância com um outro Espírito ligado a um corpo não emprestaria esse corpo vivo para manifestar seu pensamento, como um mudo pode se servir de uma pessoa que fala para ser compreendido?

Separemos, por um instante, os fatos que, para nós, são incontestáveis e admitamos a comunicação como simples hipótese; peçamos que os incrédulos nos provem, não por uma simples negação, visto que sua opinião pessoal não pode valer por lei, mas por razões evidentes e inegáveis, que isso não é possível. Nós nos colocamos no seu terreno, e, uma vez que querem apreciar os fatos espíritas com a ajuda das leis da matéria, que tomem nesse arsenal alguma demonstração matemática, física, química, mecânica, fisiológica e que provem por a mais b, sempre partindo do princípio da existência e da sobrevivência da alma:

1o) que o ser que pensa em nós durante a vida não pode mais pensar depois da morte;

2o) que, se pensa, não deve mais pensar nos que amou;

3o) que, se pensa nos que amou, não deve mais querer se comunicar com eles;

4o) que, se pode estar em todos os lugares, não pode estar ao nosso lado;

5o) que, se pode estar ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;

6o) que, por meio de seu corpo fluídico, não pode agir sobre a matéria inerte;

7o) que, se pode agir sobre a matéria inerte, não pode agir sobre um ser animado;

8o) que, se pode agir sobre um ser animado, não pode dirigir sua mão para fazê-lo escrever, e

9o) que, podendo fazê-lo escrever, não pode responder às suas questões nem lhes transmitir seus pensamentos.

Quando os adversários do Espiritismo nos demonstrarem que isso não pode acontecer, por meio de razões tão patentes quanto as com que Galileu demonstrou que não é o Sol que gira ao redor da Terra, então poderemos dizer que suas dúvidas têm fundamento; infelizmente, até agora toda a sua argumentação se resume nestas palavras: Não acredito, portanto isso é impossível. Eles nos dirão, sem dúvida, que cabe a nós provar a realidade das manifestações; nós as provamos pelos fatos e pelo raciocínio; se não admitem nem um nem outro, se negam até mesmo o que vêem, devem eles provar que nosso raciocínio é falso e que os fatos espíritas são impossíveis.

 

Fonte: extraído de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

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