O ser humano é, por natureza, um ser gregário, criado para viver em sociedade. O seu insulamento, mesmo a pretexto de servir a Deus ou de desenvolver virtudes, constitui uma agressão à lei natural, por caracterizar uma fuga injustificável às responsabilidades requeridas ao seu progresso espiritual.
Graças ao aprendizado desenvolvido ao longo dos tempos, e em razão do próprio dinamismo da existência atual na Terra, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo – comuns entre religiosos e filósofos de eras passadas -, seja na solidão das regiões desérticas ou montanhosas, para onde o homem fugia em busca de iluminação espiritual que as meditações favoreciam; seja no silêncio dos claustros e monastérios, que as práticas religiosas impunham, como meio de atingir o estado de contemplação ou êxtase espiritual. Nesse sentido, “negar o mundo”, no conceito evangélico, não significa abandoná-lo, antes criar condições novas a uma vivência mais solidária, capazes de modificar as estruturas e comportamentos egoísticos, engendrando recursos que transformem a habitação terrestre em reduto de esperança, de paz e de fraternidade, à semelhança do “reino dos céus”, a que se reportava Jesus.
Devemos considerar, no entanto, que existem seres humanos que fogem dos prazeres e das comodidades do mundo, não para viverem isolados, mas para socorrerem pessoas mais necessitadas. A história da humanidade traz exemplos de homens e mulheres notáveis que se destacaram nos campos do saber religioso ou científico. Essas pessoas, vivendo uma existência de simplicidade e renúncia aos confortos oferecidos pela sociedade, optaram por algo a fazer em benefício do próximo.
É importante que ampliemos a nossa visão a respeito da vida no planeta Terra, entendendo que a vida é uma grande realização de solidariedade humana. Assim, a existência terrestre […] é uma escola, um meio de educação e de aperfeiçoamento pelo trabalho, pelo estudo e pelo sofrimento. Sendo assim, homem […] nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados. (Questão 768 do O Livro dos Espíritos).
Essas orientações espíritas, fundamentadas em esclarecimentos evangélicos, determinam que a vida social deve ser caracterizada por um clima de convivência fraterna em que todos se ajudam e se socorrem mutuamente, dirimindo dificuldades e problemas cotidianos.
O Espiritismo nos esclarece também que nas relações sociais humanas, o homem deve fazer o bem, […] pois que isso constitui o objetivo único da vida […] Sendo assim, […] facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior. (Questão 860 do O Livro dos Espíritos).
O relacionamento humano equilibrado nos impõe regras de convivência social que devem, necessariamente, estimular aquisições de valores morais, tendo em vista que […] o mundo por mais áspero, representará para o nosso espírito a escola da perfeição, cujos instrumentos corretivos bendiremos, um dia. Os companheiros de jornada que o habitam, conosco, por mais ingratos e impassíveis, são as nossas oportunidades de materialização do bem, recursos de nossa melhoria e de nossa redenção, e que, bem aproveitado por nosso esforço, podem transformar-nos em heróis.
Não há medida para o homem, fora da sociedade em que ele vive. Se é indubitável que somente o nosso trabalho coletivo pode engrandecer ou destruir o organismo social, só o organismo social pode tornar-nos individualmente grandes ou miseráveis. (Cap.39 do livro “Diante da Terra”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel).
Fonte: extraído do livro “Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita”, de Allan Kardec.
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