Quem de nós não tem alguém (ou mais de um alguém) bastante próximo que nos deixou uma lacuna imensa no coração?
Não há aquele que não tenha experimentado a dor e o vazio da morte de um ente muito querido. E ainda está para existir uma fórmula “mágica” que nos ajude a aplacar essas feridas que fazem arder o peito e sufocar a alma.
Esta, talvez, seja a principal razão que leva a nós mortais a refletirmos sobre o “Por que da Vida?”.
Para muitos, provavelmente a maioria, só há a pergunta, pois nenhuma resposta é capaz de acalmar os sentimentos que surgem da razão e da realidade dos fatos.
E é aí, quando temos esta dolorosa experiência de vida, que tudo parece ficar um tanto sem sentido e até mesmo a bondade de Deus é colocada em xeque.
No entanto, quase que por milagre, para aqueles que desacreditaram a hipótese de desacreditar a fé, eis que por dentro da dor avassaladora brota uma semente de esperança, intuída do mais íntimo da consciência, revelando uma força que só a misericórdia divina é capaz de gerar.
Neste momento ímpar de inspiração e lucidez da alma sofrida, somos conduzidos como que por uma mão invisível e misteriosamente convidados a refletir sobre a obra de Deus. Sobre sua generosidade e sobre as linhas tortas por onde Ele, costumeiramente, escreve certo.
Por um instante de pura sabedoria, apesar de a razão tentar negar, uma energia maior nos toca, fazendo-nos admitir com serenidade: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (Samuel 7:12).
E com o coração acalentado, nos enchemos de vigor e lembramos da singela mensagem gravada em nossa consciência: “O Senhor é o meu Pastor, e nada me faltará” (Salmo 23).
Então, fortalecidos na fé e de mãos dadas com o Pai, um bálsamo de luz e boas vibrações nos ajuda a iniciar as buscas pelas respostas para o mistério da morte, que tanta dor provoca nas almas entorpecidas pelo temeroso cenário da vida além da sepultura.
Eis que numa dessas “coincidências da vida” o Senhor nos envia um amigo que nos apresenta uma Doutrina consoladora que nos faz recordar uma simbólica passagem do Cristo referindo-se à vida futura: “Meu Reino não é deste mundo” (João, cap. XVIII, 33:37).
E curiosos em conhecer mais sobre esta Doutrina, perguntamos ao nosso amigo: o que mais ela pode nos ensinar e como ela pode nos ajudar a superar a dor que não quer calar?
E nosso amigo, generosamente, nos diz:
Essa doutrina, meu caro, prega uma coisa muito simples. Que somos espíritos imortais e carregamos em nosso íntimo a centelha divina. A morte, portanto, não é o fim, mas o recomeço na vida espiritual. Vida essa que preexiste e sobreexiste à vida material.
O teu ente querido, de quem tanto sentes falta, não “morreu eternamente”, acredite! Um dia poderás ter com ele novamente.
Credite a ele boas preces e vibrações amorosas que o fortalecerão no despertar e no caminhar da vida no plano espiritual. De acordo com o seu grau de adiantamento moral, ele, provavelmente, fará o mesmo por ti.
Requeira com fé e sinceridade ao nosso Pai, todo poderoso, soberanamente justo e bom, que conceda a ti e aos teus queridos, pela bênção da reencarnação e da pluralidade das existências, da sintonia de valores entre vocês e da conduta digna de cada um nos desafios da evolução moral, que o momento de estarem juntos novamente não tarde a chegar.
E, agindo assim meu irmão, sereno e perseverante, a dor de hoje será transformada em energia renovadora e recheada de esperanças verdadeiras que te colocarão, em algum lugar do futuro, face a face com aqueles que tanto amas e que terás, sem dúvida alguma, a oportunidade de reencontrar.
Glaucos Otoni
* O título “Quando penso em você fecho os olhos de saudade” é um trecho da música “Canteiros”, uma adaptação do poema de Cecília Meireles, que ficou bastante conhecido na voz de Raimundo Fagner.
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Lidar com o problema da morte é ainda muito difícil para nós seres humanos!