Há quem sustente crer em Deus, mas de forma doentia e recalcada. Por isso, equivocadamente, julga-se ou justifica-se obsessivo, mártir, apóstolo, missionário, obstinado, esconso. Puro equívoco!
Fé não significa obsessão. O bem e o mal não convivem no mesmo plano de incidência; um exclui o outro. Não se pode falar em fé e, ao mesmo tempo, em fixação doentia.
Sentir e acreditar em Deus pressupõe amor e este sentimento, mestre de todos, somente pacifica, harmoniza, engrandece o homem. Quem julga ser missionário ou mensageiro do Criador engana-se porque lhe falta humildade para perceber que os reais enviados do Pai Maior são anônimos e pouco percebidos. Quem pratica o mal, em nome D’Ele, comete duplo erro.
A insinceridade da fé reside justamente no aspecto personalíssimo com que a pessoa busca nomeá-la. A crença deve ser, em essência, impessoal.
Não há, na atualidade, mártires que devam morrer por Deus; inexistem apóstolos vivos que queiram expressar o que Ele não disse; estão equivocados os que julgam superiores ao seu semelhante porque se consideram emissários da Voz Divina.
Infelizes daqueles que usam a fé para crescer no materialismo, argumentando que Deus lhes deu tal autorização. Meros incrédulos que manipulam o bom sentimento de criaturas menos preparadas, auferindo vantagens pessoais indevidas.
Riqueza não é melhor que pobreza, nem vice-versa. Cada encarnado tem o que tem, materialmente falando. Pregar a revolta contra o estado de vida terrena de cada um é professar o ódio (a Justiça Divina jamais o faria). Não se trata de fé, portanto, e sim de obstinação desviada da realidade.
A manipulação de mentes e corações para o aumento das mazelas do ser humano é grave desvio na rota cristã.
Insinceros são aqueles que, supondo crer na Vontade Divina, praticam males de diversas ordens em nome da fé.
Não sinceros também os que somente aparentam cultivar no coração o amor a Deus, mas agem em sentido diverso. Meras aparências não levam ao Pai; conduzem ao desgaste da verdadeira crença.
O cristão exercita a fé quando verdadeiramente pratica a lei do amor.
Fonte: extraído do livro “Fundamentos da Reforma Íntima”, de Abel Glaser, pelo espírito Cairbar Schutel. Editora O Clarim.
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