Muitas vezes, vivemos normalmente dez longos anos, conquistando patrimônios espirituais, para viver apenas dez minutos fugaz de modo extraordinário e excepcional.
É o clímax da vida, onde somos chamados às contas, na aferição de responsabilidades intransferíveis e que, não raro, percebem os intuitivamente, a derramar lágrimas que pressagiam amargas lutas.
– Aprendemos, dia a dia, pouco e pouco, anos seguidos, o desprendimento de bens transitórios para enfrentarmos a prova do desapego maior em momentos breves; experimentamos, por vários lustros, a repetição, instante a instante, de um dever trivial para testarmos a própria perseverança, no epílogo desse ou daquele problema, aparentemente vulgar, mas de profunda significação em nosso destino; adquirimos forças íntimas vivendo toda um a encarnação a preparar-nos para a demonstração de coragem num minuto grave de testem unho… – Alpinistas da evolução, que destilam suor, de escarpa em escarpa, galgamos a montanha da experiência, adestrando-nos para transpor a garganta que nos escancara o abismo diante da tentação; estudantes comuns, nos currículos da existência, enceleiramos preciosos conhecimentos em cursos laboriosos de observação e trabalho, para superarmos a prova eliminatória, às vezes num só dia de sacrifício…
– Estamos sempre, face a face, com a banca examinadora do mundo, pois onde formos seremos convocados à confissão de nossa fé e conseqüente valor moral. O minuto que se esvai é a nossa oportunidade valiosa; o lugar onde estamos é o anfiteatro de nossas lições contínuas.
– Por isso, caminhar sem Jesus, nos domínios humanos, é sentir que a água não sedenta, o alimento não sacia, a melodia não eleva, a página não edifica, a flor não perfuma, a luz não aquece… Entretanto, amparados no Cristo, todos somos auto- suficientes, porquanto dispomos de apoio, esclarecimento e fortaleza em qualquer transe aflitivo com que a vida nos surpreenda.
– O alento que a certeza da fé raciocinada nos proporciona transcende todas as consolações efêmeras que possamos auferir de vantagens terrenas, de vez que nos faculta trabalhas sem fadiga, ajudar sem esforço, sofrer sem ressentimento e rir engolindo pranto.
– Marchemos assim, arrimados nos padrões do Divino Mestre sem pretender o direito de reclamar ou maldizer, tumultuar ou censurar.
– Desistamos de reivindicações, privilégios, prêmios ou honrarias de superfície, porquanto urge aspirarmos à medalha invisível do dever retamente cumprido que nos brilhe na consciência, à coroa da paz que nos cinja os pensamentos e a carta-branca do livre arbítrio que nos amplie o campo de ação no bem puro.
– Regozija-te, pois, se a tua fé vive analisada na intimidade do lar, combatida na oficina de trabalho, fustigada no círculo de amigos, fiscalizada na ribalta social ou testada na enxerga de sofrimento… Somente conduzindo a nossa cruz de renúncia as gloriosas do século, com a serenidade da abnegação e com o sorriso da paciência é que poderemos ser recompensados pelo triunfo sobre nós mesmos, nas rotas da Perfeita Alegria.
Fonte: Extraído do livro “O Ideal Espírita”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Caírbar Schutel. Editora CEC.
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