Disciplina, Reforma Íntima

A disciplina é a base da evolução do homem

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“Ninguém disciplina ninguém. Ninguém se disciplina sozinho. Os homens se disciplinam em comunhão mediados pela realidade”

Paulo Freire

 

Disciplina é uma palavra de larga aplicação no livro da vida. Podemos considerá-la uma virtude pessoal e intransferível, que ornamenta nosso espírito quando vem por aquisição, mas que pode às vezes violentá-lo, quando dele se acerca por imposição.

Para alguns principiantes nas hostes da disciplina ela poderá parecer, uma acompanhante rigorosa, que tolhe iniciativas, castra desejos, dá ordens. Na verdade, se a disciplina não faz o papel de buril, lixa, tesoura ou algo que modele, desbastando contornos indesejáveis e arestas desnecessárias, ela falha em sua aplicação fundamental, pois não fará brilhar no Espírito a beleza encoberta pela capa da indiferença às leis divinas. Falo aqui da disciplina religiosa, aquela que induz o indivíduo à auto-regulação, amoldando-se aos objetivos à serem colimados como meta de sua fé.

A disciplina é uma virtude divina, usada em todo o universo em seus aspectos macro e micro. Desde as galáxias aos nossos órgãos vitais, passando pela queda das flores e o pequenino átomo, esta virtude impõe suas diretrizes para que a harmonia não sofra defasagens.

Sob esse prisma o indisciplinado é um fora da lei, que precisa ajustar-se ao roteiro benéfico para ele criado, visando proporcionar-lhe os benefícios da paz, fruto imediato do dever cumprido. Nenhum Espírito há que tenha ingressado em um mundo superior sendo indiferente à disciplina. Ninguém há que ame a si e despreze a disciplina. Ninguém que busque a Deus pelos caminhos da indisciplina.

Quando Jesus mencionou a “porta estreita”, o “negar a si mesmo”, o “tomar a sua cruz”, estava falando de quê? Não seria de renúncia, uma das velhas companheiras da disciplina? Para entrar pela porta estreita é necessário rigorosa dieta espiritual, forçando a obesidade inútil das nossas imperfeições a diluir-se pela ginástica do amor. E para isso o cardápio não traz como prato principal a disciplina? Para tomar a cruz aos ombros é urgente negar a si mesmo, reafirmando não o eu mundano, mas o eu divino, essência final da evolução.

Disciplinemos nossas emoções para que elas não nos disciplinem. Lembremo-nos de que, para o cavalo a disciplina pode ser as rédeas, mas para o Espírito imortal ela tem que ser o amor e o conhecimento em toda a sua imensa gama de atuações. E não esqueçamos nunca: o advérbio de negação também consta da gramática do amor, no extenso capítulo da disciplina.

 

Fonte: texto editado, extraído do site http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-37.htm

 

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