O trigo morre para nascer o pão; as flores, para crescer os frutos; a crisálida, para surgir a borboleta. As sementes têm um poder de brotar e gerar vida nova. Nenhuma transformação é imediata; a Natureza exige constância e paciência como preço do desenvolvimento. Somos almas em crescimento, precisamos estar em harmonia com o processo da Vida, para liberarmos nossas potencialidades e fluirmos naturalmente.
A Natureza e o indivíduo fazem parte de um todo unificado. O homem é apenas uma parcela dessa grande sinfonia da evolução na Terra.
O crescimento do ser ocorre por meio de um encadeamento de fatos espontâneos e inerentes à vida humana, enquanto que o perfeccionismo é uma aspiração obstinada e torturante.
Enquanto o perfeccionismo busca efeitos imediatistas, o crescimento é um mecanismo perfeito e gradual.
Muitas pessoas acham sinal de fraqueza admitir que são falíveis. Na realidade, quando admitimos nossa vulnerabilidade, afastamos a tensão do “egoísmo defensivo” de tudo saber ou conhecer. Somos propensos a cometer “erros de cálculo”. Enganos são inerentes à condição humana.
Esperar de nós e dos outros a perfeição é profundamente destrutivo para nosso relacionamento interpessoal. O perfeccionismo nos coloca num estado tão grande de ansiedade e inquietação, que cometemos mais erros do que o normal, porque, em vez de aceitarmos a possibilidade do desacerto, ficamos amedrontados com a expectativa da perfeição.
Aquele que se sente superior nutre um desdém arrogante sobre os outros, supõe ser o melhor, em virtude de seus supostos padrões morais e intelectuais, mas ele se esquece de que “(…) a perfeição não está sobre a Terra, de outro modo não estaríeis nela (…)”.
O perfeccionista não possui apenas o rótulo de “meticuloso” ou “devotado ao zelo”, mas também o de “disciplinador intransigente” ou “reformador inflexível”. Quanto mais alguém se aproxima da perfeição, menos rigoroso é para como os outros.
Uma das causas que turvam as faculdades psíquicas é o comportamento perfeccionista. A fiscalização excessiva do próprio comportamento caminha de mãos atadas com o pensamento rígido e metódico, afastando o sensitivo das expressões fenomênicas da espontaneidade e dos “insights”. O controle exagerado do sentimento o conduz a um bloqueio das forças espirituais.
O perfeccionista encontra-se num enorme esforço de ser o melhor para confirmar sua opinião sobre si mesmo e pela necessidade da admiração alheia. Portanto, vive competindo e comparando-se com os outros, e esse comportamento exaltado o leva a obstruir a originalidade peculiar de sua faculdade psíquica.
A mediunidade possibilita a ligação entre as inúmeras dimensões vibracionais do Universo, mostrando que a vida é ampla e infinita e, para que possamos ser bons instrumentos da Vontade Divina, precisamos apenas viver a normalidade da condição humana.
Por não termos “senso de humanidade”, é que não aceitamos o atual estágio evolutivo, ou seja, não admitimos viver, no momento presente, a etapa existencial que o Criador nos destinou.
O médium que estabelece para si padrões de comportamento perfeccionista vê em sua tarefa mediúnica mais um reforço para provar sua “perfeição” do que um método de crescimento a ser cultivado na própria intimidade.
Fonte: extraído do livro “A Imensidão dos Sentidos”, de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed. Editora Boa Nova.
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