Será que acontecem tropeços na vida que jamais poderemos ressarcir?
Quando nos damos conta de alguma atitude errada, de uma ação desmedida, é natural que busquemos reparar o erro.
Quando nos conscientizamos do engano, a consciência, por processo natural, nos pede para ressarcirmos perante a vida, o que dela, de uma ou de outra forma, extorquirmos.
Então nos armamos de coragem, humildade e entendimento, para buscar os meios de corrigir o erro.
Porém, é verdade que não raras são as situações onde essa reparação não se mostra tão simples ou corriqueira.
Alguns equívocos se alastram por toda a existência, sem oportunidade ou, por vezes, coragem de serem reparados.
São aqueles de difícil solução, envolvendo circunstâncias que nos fogem ao controle.
Assim, se pensamos em uma única existência, a resposta para a primeira pergunta será, inevitavelmente.
Sim: existem erros irreparáveis.
Seja por dificuldades pessoais ou circunstâncias que se imponham, haverá situações que não permitirão reparação, nesta vida.
Basta que recordemos quantas pessoas concluem a sua jornada na Terra sem terem conseguido perdoar o próximo, ou sem terem tido a oportunidade de pedir perdão.
No entanto, lemos nos Evangelhos que Jesus afirmou que ninguém deixará a Terra sem antes pagar até o último ceitil, ou seja, a última moeda.
Se assim assevera o Mestre, como explicar essas situações onde a morte nos alcança antes de nos reabilitarmos?
Como pagar todas essas dívidas?
A orientação de Jesus, nos ensinando que pagaremos tudo antes de deixar a Terra, mostra a bondade de Deus, e o alcance da Providência Divina.
Mostra-nos o Mestre que, mesmo que nesta existência não tenhamos a oportunidade de restabelecer a paz de consciência, outras se apresentarão.
Esta vida poderá se esgotar, mas outras virão.
Outras vidas, outras oportunidades em que poderemos reencontrar os desafetos, para nos perdoarmos mutuamente.
Voltarmos a conviver com aqueles a quem magoamos, ferimos, de muitas e diversas formas, para nos ajustarmos, agindo de forma oposta.
Isso explica algumas situações difíceis, no seio familiar.
São os desafetos de outros tempos a nos convidar para refazermos laços de amizade, de compreensão.
Não renascemos para cobranças, mas para reformularmos nossa maneira de ser, onde os sentimentos de perdão, tolerância, doação se devem fazer presentes.
Por isso, tudo o que nos ocorre são as respostas do ontem que nos chegam, dando-nos a chance de pagar as moedas da dívida contraída outrora.
E tudo acontece sob a chancela da Divindade.
Nenhuma injustiça, nenhum fato sem um bom e justo motivo.
Exatamente como ensinou o Mestre Jesus: A cada um segundo as suas obras.
Cada um colhe o que semeou, em estação recente ou há muito tempo.
Flores para quem lançou as sementes do bem, cardos e espinhos para quem somente provocou dores e sofrimentos em alheias vidas.
Pensemos nisso e, se não podemos modificar a semeadura do ontem, tenhamos a certeza de que somos os detentores de todo o poder para a melhor escolha da lavoura, nestes dias.
Fonte: Redação do Momento Espírita, página “Discípulos de Allan Kardec”, no Facebook.
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