Aos que Sofrem, Graça Divina

Crescimento através da dor

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Por que Deus somente nos ensina pela dor?

Não seria mais fácil aprender pela felicidade, pela satisfação, pela alegria, pelo amor?

A resposta a essa pergunta é bem simples.

Sim, seria muito melhor que o ser humano pudesse aprender pela felicidade, pelo amor, pela bondade, mas não é isso que as pessoas fazem.

Todos podem observar isso em abundância na vida humana.

Pare um pouco e lembre nesse instante dos momentos da vida de outras pessoas e da sua própria vida em que você estava feliz, em que tudo corria bem, em que nada te faltava, em que você estava satisfeito, alegre, com seus desejos satisfeitos, ou seja, bastante confortável na vida.

Qual é a postura de quase todas as pessoas quando estão muito bem?

A tendência é cada um ficar estagnado.

É permanecer como se está, é não sair do lugar.

Vamos refletir: se um lugar está bom, confortável e atende aos nossos desejos, queremos sair deste lugar? Não…

Desejamos permanecer nessa condição o maior tempo possível.

Quando nos encontramos em condições favoráveis, não pensamos em nossa melhora, não pensamos em ir além, não pensamos em crescer, em evoluir, em nos desenvolver, em nos libertar, em buscar alternativas, em olhar para nós mesmos e nos descobrir.

Por exemplo, aquele jovem rico que tem tudo, tem uma namorada linda, faz muitas viagens, come tudo o que gosta, vive uma vida muito confortável, tem muita energia para sair e curtir.

Esse jovem vai desejar buscar Deus, ou vai mergulhar num mundo materialista, superficial, ilusório, de conforto e satisfação dos desejos passageiros?

Mas quando esse jovem começar a envelhecer, o que vai ocorrer?

Ele vai aos poucos perdendo toda a sua energia, pode começar a ter várias doenças, se tornará mais dependente dos outros, não poderá mais sair, viajar, não será mais atraente para as mulheres, seus falsos amigos podem abandona-lo, sua família pode não procura-lo como antes, ele pode ficar carente e vazio.

Pode ainda ser rico, mas já não poderá mais usufruir o dinheiro e seus prazeres como antes.

Nesse momento, em que ele começa a perder tudo, ele poderá começar a pensar em Deus e a entender que a vida não é apenas a busca pelo prazer, festas, viagens, tecnologias, sexo, etc.

Quando nos deparamos com a inevitabilidade da morte, com a degeneração do corpo físico e com a carência, a falta e o vazio, nossa perspectiva começa a mudar e passamos a buscar algo que seja imortal, essencial.

Alguém faz esforço em observar a si mesmo, em se autoconhecer, quando tudo está bem?

Alguém pensa em buscar a Deus quando o mundo nos provê todas as necessidades materiais?

Quantas pessoas buscam a Deus na bonança? Poucos o fazem…

Mas quantas pessoas buscam a Deus durante uma forte tempestade?

Quantas pessoas pensam que precisam se melhorar quando estão de férias, fazendo sua viagem favorita, com muito dinheiro no bolso?

Mas e quando perdemos tudo, não temos mais dinheiro, nossos parentes e amigos morreram ou nos deixaram?

Nesse momento lembramos que existe um Deus, que a vida não é apenas dinheiro, viagens, sexo, comida, festas, redes sociais, conforto, etc.

Nesse momento, começamos a sentir necessidade de buscar algo que o mundo não pode e nunca pôde nos oferecer.

A verdade é que o ser humano só busca Deus quando a dor lateja, quando ele perde alguém que amava, quando não tem mais dinheiro, quando não vê mais saída, ou seja, quando o mundo já não pode mais lhe oferecer aquilo que ele deseja.

Muitas pessoas só passam a se preocupar verdadeiramente com sua saúde após passarem por uma grave doença.

Depois que vem a dor da enfermidade, elas fazem uma reflexão e decidem que, daqui em diante, elas devem fazer exercícios, ter uma alimentação mais saudável, cultivar hábitos positivos, ter bons pensamentos, etc.

O ser humano só busca se melhorar com o dor.

São poucos os que seguem o caminho do amor quando estão bem e confortáveis no mundo.

Por isso os mestres costumam dizer que o ser humano precisa perder o mundo para encontrar a Deus e a si mesmo.

O mundo abafa nossa essência espiritual e precisamos recupera-la, pois a vida verdadeira só existe em nossa natureza essencial, mas profunda e divina.

É preciso que a inteligência da vida nos tire todas as vestimentas ilusórias, todas as aparências, todos os confortos passageiros, todos os desejos, todas as posses.

É preciso que tudo isso seja tirado para que uma pessoa passe a buscar a si mesmo e sua essência.

Como disse Jesus: “Toda a pessoa que bebe desta água, voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu dou nunca mais terá sede. A água que eu dou se tornará numa fonte de água viva dentro dele. Ela lhe dará a vida eterna”. (João 4:13-14)

Jesus quis dizer que quem vive bebendo o líquido das miragens do mundo sempre terá sede, pois as benesses mundanas são uma uma ilusão, uma aparência, um sonho, uma fantasia.

Mas quem bebe da essência da vida, que é real e eterna, nunca mais sentirá qualquer falta, qualquer carência, qualquer tristeza, qualquer vazio.

Essa é a resposta do motivo de Deus não nos ensinar pela felicidade, mas pela falta, pela perda, pela dor, pela destruição, pelo caos.

Os momentos em que tudo nos é favorável, tendemos a ficar paralisados e não buscar nosso desenvolvimento, não nos libertar deste mundo instável, de aparência, de ilusão.

Mas quando perdemos tudo que é exterior, começamos a olhar para o nosso interior e buscar a essência divina dentro de nós mesmos.

 

Fonte:  Texto de Hugo Lapa, página “Espiritualidade é amor”, no Facebook.

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