Benevolência, Caridade

O que é compaixão?

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Quanto mais compaixão tivermos pelos outros, mais nossa visão de mundo se expandirá. Toda criatura digna tem como característica comum a compaixão.

A compaixão não considera as vestes físicas. Encoraja homens e mulheres, adultos e crianças, europeus e asiáticos, a descobrir sua essência real, a reencontrar suas necessidades naturais e a expressar sua unicidade como seres humanos. A partir daí, todos se favorecem, não apenas por terem maior liberdade de agir e pensar, mas também por terem autonomia de modificar suas vidas, modificando sua mentalidade.

A compaixão e a sensibilidade são partes do amor cristão e ferramentas eficazes para entrarmos em contato com o que os outros sentem e escutá-los com atenção silenciosa. Só podemos expressar autêntica compaixão se utilizarmos uma atmosfera de aceitação e respeito pelas dificuldades alheias. Dessa maneira podemos penetrar e tocar o Espírito de outra pessoa.

Quanto mais compaixão tivermos pelos outros, mais nossa visão de mundo se expandirá. Toda criatura digna tem como característica comum a compaixão.

“(…) Que os antigos tenham visto no Senhor do Universo um deus terrível, ciumento e vingativo, isso se concebe; na sua ignorância, emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não está aí o Deus dos cristãos que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no lugar das primeiras virtudes: poderia ele próprio faltar às qualidades das quais faz um dever? Não há contradição em atribuir-lhe a bondade infinita e a vingança infinita? Dizeis que antes de tudo ele é justo, e que o homem não compreende sua justiça, mas justiça não exclui a bondade, e ele não seria bom se consagrasse penas horríveis, perpétuas, à maior parte das suas criaturas (…)”.

Alguns dicionários oferecem as palavras pena e dó como vocábulos de significação semelhante ao termo compaixão. No entanto, há diferença considerável entre elas. A base do aspecto conceitual da pena e do dó tem profunda ligação com uma restrita forma de ver, ou seja, o sentimento do indivíduo estaria confinado a uma linha horizontal, enquanto a compaixão estaria vinculada a uma atuação vertical.

Se nos expressamos utilizando essa alegoria de linhas geométricas, é para bem elucidar os limites em que todos nós estamos circunscritos, em se tratando do campo do sentimento e da emoção.

Ter dó aprende-se socialmente; quando temos dó ou pena de alguém é porque acreditamos que essa criatura é impotente e inferior e que, sem a nossa ajuda, não será capaz de resolver sua problemática existencial. Em outras palavras, subentende-se: “sinto-me mais poderoso, importante, eficiente e superior em relação a ela”.

Por outro lado, o sentimento de compaixão provém das profundezas da alma, envolve o sofredor em um clima de generosidade, utilizando como forma de ajuda a solidariedade. Na atitude compassiva, a criatura vê o necessitado de igual para igual, sem nenhuma distinção, e percebe que ele precisa de uma mão amiga naquele momento circunstancial e aflitivo de sua vida.

Ter compaixão é lembrar que a dor do outro poderia ser sua. É reconhecer o sofrimento do próximo e ajudá-lo a superar o momento difícil. A compaixão está intimamente ligada à ação.

O grande “pecado” que ocorre nos dias atuais entre os povos e raças e, da mesma forma, em todas as áreas dos relacionamentos humanos é a indiferença e a insensibilidade com a condição aflitiva dos seres humanos.

A insensibilidade é a mais vil transgressão das leis naturais, porque ela corrói e destrói o modo solidário de ser e viver, não só em família, mas também em sociedade.

A alegoria evangélica que o Mestre Jesus fez das sementes que caíram ao longo do caminho, entre os espinhos e sobre pedregulhos, nos faz recordar os relacionamentos que não germinam sufocados pela frieza e pela superficialidade que frequentemente existem entre os seres humanos. Um olhar atencioso e um abraço carinhoso curam mais do que inúmeras caixas de remédios – o amor expressado dissipa toda e qualquer enfermidade.

Através dos olhos da alma podemos identificar com maior nitidez as aflições e dores escondidas nos outros e, dessa forma, reconfortá-los ou acalentá-los com os braços da compaixão.

Fonte: extraído do livro “Os prazeres da alma”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed – Editora Boa Nova.

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