“Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse o reino dos céus! Que desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem sangue nobre!” – Uma Rainha de França. (Havre, 1863.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo II – item 8.
Definamos ilusão como sendo aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade. A pior das ilusões é a que temos em relação a nós: a auto-ilusão.
Na matriz das ilusões encontramos carências, desejos, culpas, traumas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências que formam o subjetivo campo das emoções humanas.
O objetivo da reencarnação consiste em desiludir-nos sobre nós mesmos através da criação de uma relação libertadora com o mundo material.
Existe uma tendência à auto-suficiência entre os depositários do conhecimento espírita.
O Espiritismo é excelente, nós espíritas, nem tanto.
O que pensamos sobre nós, portanto, determina a imagem mental indutora dos valores íntimos. Se o raciocínio sofre distorções da ilusão, então viveremos sem saber quem somos.
Temos um “eu real” que estamos tentando ignorar há milênios. Essa “parcela” de nós é a “sombra” da qual queremos fugir. Todavia, o contato com essa “zona inconsciente” revela-nos não só motivos de dor e angústia, mas, igualmente, a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera de nossa vontade para utilizá-la.
Existe muita idealização confundindo aprendizes que imaginam estar dando “saltos evolutivos” em direção a esse “eu real”, entretanto, em verdade, estão se movimentando na esfera do “eu idealizado”…
Como vencer nossas ilusões?
Desapegando da falsa auto-imagem falsa que fazemos de nós mesmos. Desapaixonando-se do “eu”. Para isso somente o autoconhecimento.
Havendo esse desapego, conseguiremos libertar os sentimentos para novas experiências com o mundo e consequentemente com nosso “eu profundo”.
O processo da desilusão custa sorver o fel da angústia de saber quem somos, e carregar o peso do sacrifício de cuidar dessa personalidade nova que renasce exuberante. Independente do quão doloroso seja, é preferível experimentá-la no corpo a ter que purgá-la na vida espiritual.
Assinalemos alguns itens que devemos colocar como forma de desapego dessa paixão que nutrimos pela imagem irreal que criamos de nós mesmos:
Coragem para descobrir seus desejos, tendências e sentimentos.
Exercitar a auto-aceitação através do perdão.
Aprender a ouvir com atenção o que se passa à sua volta.
Descobrir qualidades, acreditar nelas e colocá-las a serviço das metas de crescimento.
Paulo, o apóstolo da renovação, indica-nos uma sublime recomendação que nos compele a meditar na natureza de nossos sentimentos em torno da mensagem do amor; sugerimos que esse seja nosso roteiro na vitória sobre as ilusões: “Olhais para as coisas segundo as aparências? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo” (…) – II Coríntios, 10:7.
Fonte: extraído do livro “Reforma Íntima sem Martírio”, de Wanderley S. de Oliveira, pelo espírito Ermance Dufaux. Editora INEDE.
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